• Corpos negros contra o racismo e as desigualdades sociais

  • Voltar
27 de setembro de 2018 por 

Por Romênia Gomes e Joedson Kelvin

As disparidades sociais entre raças no Brasil é historicamente reflexo da instituição econômica e política que durou mais tempo no país: a escravidão. A nação brasileira foi a última a abolir a escravidão, somente em 1888. Muitos africanos trazidos para cá foram impossibilitados de viver com dignidade. Seus descendentes são herdeiros do sofrimento fruto da escravidão até os dias atuais, vítimas do racismo e das desigualdades econômicas, educacionais e socioculturais.

  Foi esta discussão que motivou a palestra de abertura do IX Artefatos da Cultura Negra, na Universidade Federal do Cariri (UFCA). Com o tema “O que eu faço contra o racismo?” Sônia Guimarães, professora de física do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), debateu questões raciais.

Com auditório cheio, a professora contou sua trajetória como estudante estrangeira em outros países, pesquisando física, até se tornar professora do ITA. Ela falou das dificuldades de superar o racismo e afirmou que “só as ações afirmativas ajudam a nivelar tudo isso”.

Sônia contou que foi preciso aproveitar cada oportunidade que teve e que sua mãe nunca a permitiu desistir. Ela explicou que pela primeira vez o vestibular do ITA terá cotas e, por isso,   decidiu adiar a aposentadoria para acompanhar de perto esse momento tão importante.

Impregnado na sociedade brasileira, o racismo ainda possibilita outros elementos que afetam negativamente a vida das pessoas negras. Não aceitar o próprio corpo, lidar com estereótipo de hipersexualização ou preguiça e sofrer discriminação direta ao tentar conseguir um emprego são alguns exemplos.

Na mesa “Inscrições da estética negra pelo mundo: do corpo pulsante à mente pulsante”, Edilânia Vivian, mestranda em Artes Visuais pela URCA, levantou discussões sobre uma “reeducação do olhar do corpo negro sobre si mesmo”. Ela apresentou formas contemporâneas de empoderamento negro nas redes sociais digitais. A autoestima foi uma das questões abordadas, considerando a importância de corpos negros ocupando os espaços midiáticos.

 

Foto: Romênia Gomes

Foto: Romênia Gomes

“Unir estéticas da cultura africana negra a projeções de mundos futuros sofisticados”. É como se apresenta o movimento “Afrofuturismo” apresentado pela professora Maria Cecília Calaça (FLATED). Na música, na escrita e nas artes visuais, o movimento traz uma proposta tão simples quanto complexa: “pensar um futuro em que pessoas negras existem”. Entre um viés estético e também político, o Afrofuturismo reforça o fortalecimento da identidade negra na contemporaneidade.

NotaNoticiaNoCampus

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *