• Ser mãe e estudante é desafio para conclusão dos estudos

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11 de outubro de 2018 por 

Por Iara Meneses e Joedson Kelvin

Na Universidade Federal do Cariri (UFCA), algumas políticas públicas de inclusão ainda são emergentes, como a assistência às jovens mães que estudam na universidade. Além de estudar, muitas delas trabalham em busca do sustento para os filhos, o que se soma aos afazeres e responsabilidades da maternidade e suas atribuições. Em alguns casos, a situação estimula a desistência de mães estudantes, que não chegam a concluir a graduação. Outras, por outro lado, persistem e, apesar das dificuldades, resistem e continuam em busca dos seus sonhos.

A ausência de fraldários, espaços de recreação e, principalmente, a pouca atenção diante do assunto, são algumas das inquietações de Rute Brasilina, de 22 anos, estudante do curso de Jornalismo. Antes de ingressar na UFCA, Rute estudou até o 6º semestre de Biologia na Universidade Regional do Cariri (URCA). Questionada porque não concluiu o antigo curso, a estudante diz que Jornalismo sempre foi o seu sonho e, ao passar, não pensou duas vezes. Mãe aos 19 anos, pontua um dos motivos de estar presente nas aulas e em outros afazeres da vida de uma estudante. “Se estou aqui hoje, é porque os meus pais ficam com ele”, referindo-se ao filo Pedro Estevão, de 1 ano e 7 meses.

Rute, estudante do curso de Jornalismo, com o filho, Pedro Estevão. Foto: Arquivo pessoal

Rute, estudante do curso de Jornalismo, com o filho, Pedro Estevão. Foto: Arquivo pessoal

Atualmente, Rute é bolsista na universidade e, por isso, precisa estar na UFCA em alguns dias da semana além do turno da noite, quando ocorrem as aulas de Jornalismo. A bolsa é remunerada e é tida como o único meio de subsídio adquirido por ela, para o sustento do seu filho e de outros gastos que a vida de estudante carece. “É tanto que eu até vou sair da bolsa pra conseguir um emprego, porque ter filho não é barato não”, completa a estudante. Entretanto, desistir do curso não é sequer considerado por Rute. Ela não abre mão da graduação por ser um sonho antigo.

Saber conciliar os papéis de mãe e estudante é uma das preocupações de Roberta Lima, de 26 anos, estudante do curso de Jornalismo. Mãe de Ravi, ela conta que já trancou a graduação quando o filho ainda era bebê e tinha que ir ao médico constantemente. A estudante conta que não tinha condições de ver o filho naquela situação e ir tranquila para a faculdade.

Roberta reclama da falta de estrutura que permita às mães estudantes levarem os filhos para o campus. “Falto a vários eventos que tem na universidade e deixo de apresentar trabalhos das disciplinas porque não tem como levar ele”, explica a estudante.

A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) da UFCA concede apoio às mães estudantes por meio de auxílio-creche para combater a evasão. Segundo assistente social Marcos Peixoto, o auxílio no valor de R$300 contempla toda a formação da estudante ou até o filho completar 5 anos de idade. No momento, a PRAE disponibiliza 15 vagas para mães e pais discentes e está com edital aberto com mais 10 vagas.

Grafico

Algumas universidades do Brasil possuem Núcleos de Educação na Infância – NEI, com intuito da construção de creches para atender a demanda das mães que necessitam de trazer filhos e filhas à universidade.  A creches oferecem atividades recreativas e de formação socioeducativa para as crianças. Na região Nordeste, já adotaram algumas medidas de assistência para mães e filhos as universidades federais do Ceará (UFCA), da Bahia (UFBA) e Rio Grande do Norte (UFRN).

Ações de assistência à maternidade em outras universidades federais Fotos: divulgação

Ações de assistência à maternidade em outras universidades federais Fotos: divulgação

 NotaNoticiaNoCampus

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