• Tombamento de imóveis preserva a história de Juazeiro do Norte

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22 de agosto de 2019 por 

Por Saulo Mota

Localizada no sul do Ceará e com uma uma população de quase 300 mil habitantes, Juazeiro do Norte se caracteriza como um celeiro da cultura regional. Com 108 anos de emancipação, o município passou por diversas transformações em seus espaços físicos e muito da sua história acabou se perdendo no tempo. Hoje, há uma tentativa de resgatar e preservar a memória da cidade.

Através de um decreto assinado no dia 27 de maio de 2019, a prefeitura de Juazeiro do Norte tombou, de maneira provisória, 24 imóveis. O tombamento contempla prédios importantes como o Casarão do Horto, a Casa Museu do Padre Cícero, o Santuário de São Francisco das Chagas e a Casa dos Milagres.

Segundo Lis Cordeiro, Diretora de Patrimônio Histórico e Cultural, o tombamento provisório proíbe quaisquer obras ou intervenções nos imóveis até que todo levantamento histórico e cultural seja concluído, apontando se o seu tombamento é definitivo ou não. “O imóvel fica protegido até que sejam realizados os estudos necessários”, explica a diretora.

Contudo, esse processo veio tarde. Só no ano passado dois importantes imóveis de Juazeiro do Norte foram destruídos para a abertura de estacionamentos e outros empreendimentos comerciais no centro desta cidade. Eram casas construídas entre os anos 1920 e 1950, que carregavam na sua arquitetura o retrato de um Cariri antigo. Aquelas que ainda não foram demolidas, estão postas à venda ou abandonadas.

Casarao

O bangalô de Moisés Olegário de Jesus foi um desses casos. Localizado na rua São Francisco, o imóvel foi completamente destruído e, hoje, funciona como um estacionamento. Outro caso que chamou a atenção foi a demolição da casa de Juvêncio Santana, primeiro juiz de Juazeiro do Norte e amigo pessoal de Padre Cícero. O imóvel, localizado na Rua São José, ao lado da Casa Museu do Padre Cícero, constituía um exemplar da arquitetura do início do século XX.

Após a destruição do imóvel, o proprietário foi multado em quase R$ 120 mil e notificado a reproduzir, em qualquer edificação futura, a fachada do prédio demolido, segundo a planta arquitetônica original. A demolição não estava autorizada, já que a edificação era de interesse histórico cultural de Juazeiro do Norte.

Com tristeza, Nelson Ferreira, morador de um dos prédios que foram tombados provisoriamente, conta como era a cidade há 20 anos atrás: “Aqui mesmo, na Praça Padre Cícero, onde são hoje esses restaurantes, era tudo casarão, prédios antigos, bonitos, hoje não tem quase nenhum. A prefeitura nunca teve interesse em preservar, aí as pessoas começaram a destruir.”

Segundo a Secretaria de Cultura do Município, que já vinha estudando a possibilidade de tombamento de alguns imóveis, a demolição desse prédio acelerou esse processo. “Por meio de diálogos com o Ministério Público e a Procuradoria Geral do Município, entendeu-se a necessidade de tomar algumas providências para a efetiva preservação e mantimento dos bens de potencial arquitetônico, histórico e cultural” disse Lis Cordeiro.

 

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