• Entretenimento em casa: quem consome e quem produz

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13 de setembro de 2021 por 

Por Isabel Félix, Lara Rosado, Manoel Cunha e Marília Medeiros.

Devido ao isolamento social imposto pela pandemia do Covid-19 o tempo livre aumentou para a maioria da população, que se viu obrigada a permanecer em casa. O entretenimento se tornou necessário para evitar o tédio e aliviar os momentos de estresse.

Se por um lado quem consome descobriu novos hobbies e expandiu conhecimentos, por outro quem produz precisou se reinventar para chegar ao público. Para compreender melhor essa realidade conversamos com Maria Gomide, diretora da Companhia de Teatro Carroça de Mamulengos, que já está viva há mais de 40 anos e continuou suas atividades artísticas durante todo o ano de 2020, realizando seus espetáculos de maneira online e adaptada.

Quem produz

Foto: Samuel Macedo

“Logo no início dos decretos estaduais eu criei o “Plantão de Utilidade Lúdica”, porque percebi que não seriam só 15 dias, e a gente se preparou para  seis meses, pensei imediatamente para o virtual. A gente estreou logo no 1° de abril. E isso o trabalho se consolidou, gerou criatividade, foco, um processo de criação muito intenso dentro da minha casa. Praticamente, dia sim  e dia não, eu ficava o dia inteiro vestida do personagem.”

Foto: Samuel Macedo

Entretanto, a produção de conteúdo em casa e para o formato digital não faz parte tradicionalmente das atividades de uma companhia de teatro, assim como em todos os setores, os artistas precisaram encontrar estratégias para realizar seu ofício. Maria nos conta que a união da família foi o que fez o trabalho funcionar. “Na nossa família, a minha irmã Isabel, tem um olhar de artes plásticas, já que ela é desenhista, então foi ela quem começou  a fazer os primeiros vídeos no plantão de utilidade lúdica, a partir de então a gente vive de se adaptar para o audiovisual.”

Nesse processo adaptativo, a casa se tornou um estúdio e foi preciso observar melhor o cotidiano, pois para realizar as gravações algumas dificuldades surgiram, como barulho de obras e do trânsito. “Quando a gente começa a gravar a gente percebe o quanto que o mundo é barulhento”, nos conta Maria.

Além das dificuldades de criação e adaptação, a arte e a produção cultural são a base da renda desta família de brincantes, e para eles os editais criados pelo Governo Estadual e Municipal foram fundamentais. Instituições como o Centro Cultural Dragão do Mar, o Sesc, Cine Teatro São Luiz, possibilitaram que atividades artísticas continuassem acontecendo e gerando renda.

Maria destaca que a criação da Lei Aldir Blanc no ano de 2020 foi um significativo avanço para o setor cultural nos níveis estaduais e municipais, disponibilizando recursos mensais tanto para os trabalhadores quanto para micro e pequenas empresas, comunidades culturais e espaços artísticos. Somado a ações de incentivos à produção cultural, com cursos e premiações.

Quem consome

A vida de quem produz arte e vive no ramo do entretenimento não é fácil nem em cenários normais, e a pandemia exigiu mais ainda de um setor já prejudicado. Assim como quem consome, também foi instigado a conhecer novas formas de se entreter e viver momentos de lazer. Maria Borges, tem 22 anos e mora em Crato-CE. É estudante do segundo semestre de psicologia da Universidade Leão Sampaio, e encontrou nas palavras a sua profissão.

“Sem dúvidas, a leitura foi o campo que mais me atraiu durante a quarentena, pelo fato de ser a distração onde eu encontrei um conforto e uma liberdade. “

(aguardando a foto)

A leitura é uma forma de entretenimento saudável, que acrescenta conhecimento e repertório ao leitor. Contudo, segundo pesquisas de Retratos da Leitura no Brasil, o brasileiro só lê uma média de 2,5 livros inteiros por ano. Somado a isso, no ano de 2020 a proposta de Reforma Tributária do governo determinada um aumento de 12% de impostos em livros no país, decisão que ainda não se concluiu. A estudante nos conta que redirecionou seu orçamento para realizar essa prática: “Investi bastante, como não estava saindo de casa e não  gastava dinheiro com outras coisas do dia a dia, foi a área que eu mais fiz investimento.”

Graças a essa atitude ela recebeu de uma amiga um livro de presente, “O homem e seus símbolos”.  “Com essa leitura tive oportunidade de entrar em contato com a Psicologia e esse foi o motivo da minha troca de curso. Meu conhecimento nessa área era pouco, então esse estudo me permitiu identificar meu interesse pela Psicologia e vontade de seguir nessa profissão. Atualmente, sou estudante de Psicologia do segundo semestre na Unileão graças a leitura de um livro.”

Entretenimento a dois

Cinema, barzinho, shopping, restaurante, teatro… Todas essas atividades ficaram para trás desde o início da pandemia do Covid-19. Para quem já tinha um parceiro, a inovação foi essencial para unir, ainda mais, aqueles que viviam mergulhados em uma rotina cheia de trajetos longos.

Manoel Cunha e Kelly Lobo se conheceram já durante a pandemia e foram em busca de alternativas de entretenimento, uma vez que todos os locais públicos estavam fechados. O streaming foi essencial para distrair o casal durante o período de mais de um ano e meio de isolamento social.

Cada um de sua casa, o casal assistia as produções através de sistemas de “Watch Party” – uma extensão do Chrome para assistir remotamente com amigos, que sincroniza a reprodução de vídeo com bate-papo em grupo. E segundo eles, é uma excelente forma de compartilhar momentos importantes de séries e filmes de forma instantânea.

Eventos públicos nunca estiveram, de fato, na vida do casal, mas pode-se afirmar que é possível otimizar relações, contatos e rotina com toda a tecnologia que temos hoje.

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