No próximo dia 22 de maio, estará em cartaz na Biblioteca Pública de Barbalha, no histórico Casarão Hotel, a exposição “Sala Escura da Tortura”. A mostra, que ficará em cartaz até o dia 8 de junho, já esteve presente na Galeria de exposição do Centro Cultural do Banco do Nordeste até o último dia 18. O objetivo é transmitir ao público um retrato realista e cruel da Ditadura Militar. Marcas de uma realidade ainda pouco discutida e explorada.
“Sala Escura da Tortura” faz parte do projeto “Marcas da Memória”, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que apresenta a mostra em diferentes cidades do Brasil. A exposição foi exibida pela primeira vez em 1973, no Museu de Arte Moderna de Paris, por iniciativa dos grupos Denúncia e Collectiv anti Faciste. O projeto vale-se da natureza contestadora das artes para denunciar os atos atrozes praticados durante a Ditadura.
A mostra apresenta um material singular. Sete telas pintadas à óleo, inspiradas nos relatos de Frei Tito durante o seu período de exílio na França, representam o terror da tortura e o sofrimento dos presos políticos no Brasil.
Para Lúcia Rodrigues, coordenadora do projeto Sala Escura da Tortura e Membro do Instituto Frei Tito de Alencar, informar os jovens sobre o passado, é uma questão de preservar a memória. Quanto ao conteúdo das imagens, ela conta que a intenção é gerar impacto, sensibilizar o público. A concepção da montagem auxilia nesse processo.
A exposição já atravessou capitais brasileiras como Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, o Distrito Federal, em Brasília, além de cidades cariocas como Niterói e Petrópolis. O projeto visa denunciar as atrocidades sofridas no período da Ditadura Militar. As telas que compõem a exposição, fazem parte do acervo do Instituto Frei Tito de Alencar. Todas pintadas a óleo pelos artistas Julio Le Parc (Argentina) Gontran Guanaes Netto (Brasil), Alejandro Marcos (Espanha) e José Gamarra (Uruguai), grandes nomes da arte mundial.
Para a estudante de biblioteconomia, Ana Patricia, a exposição “traz um bom retrato do que foi a ditadura”. Ela relata que a mostra é um resgate que precisamos trazer para a juventude, que não sabe o que foi a ditadura. “É uma coisa que não podemos deixar de relembrar, pois faz parte da história do nosso país”, salientou.
Serviço:
A exposição “Sala Escura da Tortura” ficará em cartaz durante o período de 22 de maio até 8 de junho, na Biblioteca Pública de Barbalha, no histórico Casarão Hotel. A entrada é gratuita.
Sobre Frei Tito
No dia 4 de novembro de 1969, Frei Tito foi preso juntamente com outros dominicanos pelo Delegado Fleury, do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Durante cerca de 30 dias, sofreu torturas nas dependências deste órgão, de onde foi levado para o Presídio Tiradentes. Na prisão, ele escreveu sobre a sua tortura e o documento correu pelo mundo e se transformou em símbolo de luta pelos direitos humanos.
As torturas lhe causaram sérios danos mentais, o que levou-o a submeter-se a um tratamento psiquiátrico. Em 10 de agosto de 1974, seu corpo foi encontrado por um morador dos arredores de Lyon, suspenso por uma corda. A causa da morte, tornou-se um enigma.