A americana Grace Brown encontrou um jeito criativo e corajoso de sensibilizar e combater a violência sexual contra mulheres: criou o projeto Unbreakable: the art of healing (Inquebrável: a arte da cura, em português), que fotografa vítimas de abusos sexuais com cartazes contendo frases que seu agressor disse antes ou depois da violência. O objetivo é ajudar as vítimas a enfrentar o trauma, além de sensibilizar e criar diálogos na sociedade que ainda culpa as vítimas pela violência.
O projeto surgiu em 2011, onde vítimas de estupro e outras agressões sexuais são fotografadas segurando um cartaz com uma frase do violentador. Hoje, o Unbreakable conta com ajuda de mais quatro pessoas na organização. De acordo com website do projeto, mais de 400 pessoas já foram fotografadas. E Grace diz ter recebido milhares de emails de vítimas que decidiram se expor, como forma de enfrentar o passado de frente e alertar para esse problema lamentável.
Se você também sofreu algum tipo de abuso sexual e quer participar do projeto enviando fotografias, basta entrar em contato pelo email: projectunbreakablesubmissions@gmail.com.
ABUSO SEXUAL NO BRASIL
Todos os dias, dez mulheres brasileiras são estupradas por desconhecidos. Os números apontam para uma violência machista secular. Na edição de 05 de Março, a revista ISTOÉ publicou uma reportagem sobre o selvagem aumento de casos de estupros coletivos no Brasil. A reportagem aponta que “(…) Entre 2009 e 2012, esse tipo de crime teve um aumento de 162%, segundo o Ministério da Saúde. No mesmo período, o total de notificações de estupro triplicou”.
Ainda segundo a reportagem “Essas denúncias incluem agressões sexuais antes consideradas ‘atos libidinosos’, como beijos forçados, que passaram a ser enquadrados no espectro do crime de estupro em 2009, além de violações cometidas contra crianças e homens, dentro e fora do ambiente doméstico”.
Ainda somos comparadas aos casos de Bangladesh, país vizinho da Índia, onde é apontado que 30% das mulheres iniciaram suas relações sexuais de forma forçada. Mesmo os dados sendo alarmantes, as denúncias são silenciadas. Ainda há quem acredite que a culpa do estupro é da vítima, que supostamente provoca, que não deveria estar com aquela roupa, ou bebendo, ou dançando daquele jeito. Muitas marchas populares – como a Marcha das Vadias, que mobilizam mulheres em todo o mundo pela não violência sexual – e projetos tais quais Unbreakable, de Grace Brown, estão em movimentação na tentativa de gritar que a violência contra a mulher ainda continua de forma assombrosa.