• Rafael Villarouca fala sobre seu trabalho autoral

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22 de maio de 2013 por 

Entrevista com Rafael Vilarouca, fotógrafo da Revista Cariri e mantenedor do blog Coletivo Café com Gelo.

 Rafael, quando começou seu interesse pela fotografia?

Foi mais ou menos em Outubro de 2009, eu e Yasmine começamos juntos, fizemos alguns cursos com Allan Bastos no BNB, cursos de apreciação de arte de uma semana, sabe? E a partir disso despertou o interesse de fotografar, mas de não fazer o tipo de fotografia que vinha sendo feita aqui. A gente queria seguir a vertente que vinha sendo feita em São Paulo, na Europa, nos Estados Unidos… fotografias que eram pensadas e produzidas para serem uma foto. E também inspirada na fotografia de moda conceitual, que é o que mais gosto de fazer. Desde muito pequeno eu já gostava de fotografias antigas. Na casa dos meus avós tinham muitas revistas e livros, meu avô gostava de fotografar como hobbie. Acho que grande parte do meu interesse vem dessa vivência enquanto criança e adolescente.

Quanto à questão dos equipamentos, você acredita que são decisivos no resultado final da imagem, ou isso depende do fotógrafo?

Acho muito importante ter um bom equipamento, porque te dá suporte para fazer determinadas coisas sob determinada luz ou condição. Mas nada te impede de fazer outras coisas com aquilo que você tem. O resultado é algo que vem a posteriori, não é preciso se preocupar somente com isso. É um elemento importante, mas não é a única coisa.

A fotografia é o seu principal meio de vida?

Eu aprendi com o Allan Bastos que existem três tipos de fotógrafo: aquele que fotografa por hobbie, o que fotografa como trabalho e o que fotografa. O terceiro faz isso por um prazer diferente, não por dinheiro, mas por amor, por vontade de produzir trabalhos.

Sobre a simbologia dos teus trabalhos, alguns trazem duas mulheres ou dois homens. Por que esse interesse pelo tema da homossexualidade?

Na verdade, nunca é intencional essa questão da homossexualidade na minha fotografia, mas acaba aparecendo pela condição que temos, pelo nosso meio, por andar com essa galera. A gente acaba absorvendo isso de uma forma ou de outra. Mas nada é intencional, e cada ensaio tem um significado diferente, vem de uma forma e de uma condição. Por exemplo: um amigo chega e diz que quer produzir alguma coisa. A gente pensa aquilo em uma tarde e faz. A gente faz na mesma hora, transforma aquilo em um conceito e em um editorial que pode ir para o blog.

O que mais te agrada fotografar?

Tenho uma coisa que vai muito de fases. Em determinados momentos, eu tenho um referencial, depois canso disso e não quero mais fazer aquilo. Já tive uma fase de usar muito volume nos figurinos. Já quis fotografar terreiros, fotografei mais de vinte e cinco, mas cansei. É sempre assim.

Quais são os teus elementos de infância, de criação, de valores, que você percebe presentes no teu trabalho?

Nas minhas últimas visitas ao Icó, fui aprofundando as conversas com vovô, mexendo nos baús, achando álbuns, porta-retratos. As fotografias antigas continuam sendo o meu maior referencial. São meu ponto de partida, apesar de eu editar minhas imagens a ponto de deixá-las o mais distante possível da realidade. Meu trabalho atual chama-se “Benjamin”, um personagem que eu criei, um cara nostálgico. É ele quem assina o trabalho. O mote é: “Quando o presente for passado, lembre-se de mim no futuro”. Foi uma dedicatória que encontrei numa foto do baú do meu avô.

Veja o trabalho do Coletivo Café com Gelo aqui

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