Em 2014, o MEC fez uma visita de carácter avaliativa de todos os cursos da Universidade Federal do Cariri (UFCA), com sede em Juazeiro do Norte. Foram visitados também os campus de Crato e Barbalha. Como resultado do processo, no campus de Juazeiro, o curso de Comunicação Social – Jornalismorecebeu a menor nota, ficando com pontuação três, que é o limite para que o curso tenha autorização para funcionar, junto ao Ministério da Educação, ou seja, qualquer nota abaixo desse extremo pode ter como consequência o descredenciamento do curso.
Devido à baixa avaliação, o curso e a UFCA assumiram o compromisso de corrigir as falhas que acarretaram a nota ruim. O prazo para se adequar às exigências do MEC acaba em setembro de 2015, quando haverá uma nova avaliação. Caso não sejam observadas as normas do MEC, o curso poderá ser descredenciado.
Em seu processo de avaliação, o MEC considera três categorias: Organização didática-pedagógica; Corpo docente e tutorial; Infraestrutura. A seguir, reproduzimos partes do relatório do órgão, destacando aspectos centrais da avaliação.
Organização didática-pedagógica
Sobre este aspecto, que diz respeito ao conteúdo pedagógico, à forma e aos recursos para transmiti-lo, assim como a relação entre aluno e professor, há uma série de observações no relatório que apontam problemas, os quais contribuíram para que o curso tivesse nota 2,9 nessa categoria. Conforme o relatório:
“Se manifesta de forma suficiente em quase todos os indicadores desta dimensão: Objetivos do curso, perfil profissional do egresso, estrutura curricular, metodologia…”
“Pequeno número de professores, e também para conciliar horários de disponibilidade dos docentes, alguns com vínculos na capital do Estado, Fortaleza, distante 540 km da sede do curso, há diferentes disciplinas ministradas pelo mesmo professor, no mesmo dia, com reflexos no desenvolvimento didático-pedagógico junto ao alunado.”
“… Há vários trabalhos de conclusão de curso que não foram depositados na biblioteca, e ainda assim as notas foram lançadas nos históricos escolares dos alunos. Os TCCs relativos a trabalhos práticos não estão disponíveis nem na biblioteca, nem na coordenação do curso; aqueles que são de cunho monográfico estão na biblioteca, mas não foram catalogados, sem poder, portanto, ser acessados.”
Como encaminhamentos para esta categoria, segundo o coordenador do curso prof. Edwin Carvalho, estão sendo feitas ações voltadas para a mobilização da comunidade acadêmica com objetivo de pressionar a Universidade a cumprir com as exigências acordadas junto ao MEC.
Corpo Docente e Tutorial
Esse foi o quesito em que o curso foi melhor avaliado. Mesmo com um número insuficiente de professores, a qualificação do corpo docente, bem como os trabalhos produzidos no curso foram pontos positivos da avaliação. A este respeito, pontua o relatório:
“… O curso avaliado possui poucos professores, levando-se em conta que além das disciplinas obrigatórias, faz parte da matriz curricular amplo leque de optativas que acabam não sendo ofertadas.”
“… Algumas atividades, como orientação de monografias, monitorias e de projetos de extensão e pesquisa não foram oferecidos no último semestre por alguns dos docentes que exercem cargos de chefia.”
” O coordenador do curso exerce tal atividades desde junho de 2013, e é sua primeira experiência de gestão numa IES. Demonstra não estar ainda informado sobre diversas questões administrativo-acadêmicas. Divide sua atuação de coordenador com outras atividades, e não soube indicar quantas horas por semana dedica à coordenação.”
“ O regime de trabalho dos docentes, inclusive do coordenador, é quase todo de tempo integral, em dedicação exclusiva, 40h, com exceção, no curso avaliado, da docente substituta. Todos, inclusive esta professora, possuem pós-graduação stric sensu (mestrado ou doutorado) … A produção científica, cultural, artística ou tecnológica nos últimos 3 anos superior a 9 produções chega a 100% dos professores do curso.”
https://www.youtube.com/watch?v=cXJ-00eiefY&feature=youtu.be
Infraestrutura
Apesar de reconhecer que o prédio é novo e que existem vários espaços em construção, esse foi o quesito em que o curso recebeu a menor nota – 2.1, evidenciando a falta de espaço em que alunos, professores e servidores convivem dia a dia. Bem como a falta de laboratórios, equipamentos e técnicos, dificultando o trabalho dos professores e a aprendizagem dos futuros jornalistas. Destaca o relatório:
“ A falta de espaço é um dos principais problemas da IES, que espera no menor prazo possível finalizar novos prédios…”
“… Conta com uma infraestrutura capaz de dar suporte as atividades de secretaria, atendimento ao aluno, processo seletivo, auditório, diplomas, ouvidoria e sala de coordenação do curso”
“ Com relação ao acesso dos alunos a equipamentos de informática, cabe informar que a IES atende ao indicador, mas de forma insuficiente…”
“ A biblioteca da IES possui poucos exemplares de livros, e há vários casos em que os acervos das bibliografias básica e complementar não estão disponíveis. No momento da avaliação somente duas funcionárias coordenavam as atividades da biblioteca, com o auxílio de estagiários. Existem três computadores para os alunos.”
“ Não há laboratório de jornalismo impresso, previsto no PPC do curso. Nos laboratórios existentes, há pouco equipamento para atender às 50 vagas anuais do curso. O laboratório de televisão possui dimensões inadequadas para o trabalho em equipe que ali se realiza. Em termos o acesso ao equipamento também é insuficiente, no laboratório de fotografia há seis máquinas. Em termos de serviços os laboratórios atendem igualmente de forma insuficiente, o único técnico é responsável por acompanhar as equipes de alunos para produção de imagens e pela edição de todo o material, e não há transporte da IES para saídas externas.”
Apesar do relatório do MEC apontar muito mais pontos negativos e do risco real do curso ser descredenciado, vale constar alguns pontos positivos que escaparam ao relatório. Conquista de prêmios pelos estudantes a partir de trabalhos para disciplinas, como o do Banco do Nordeste e o Prêmio Gandhi de Comunicação; produções dos laboratórios; projetos e bolsas de extensão e pesquisa; além do movimento estudantil do curso de Comunicação. Há também o RU (Restaurante Universitário) que oferta almoço e janta, no valor simbólico de R$ 1,10 (um real e dez centavos), que beneficia grande parte dos alunos.