Por Mychelle Santos
Dentro da Universidade Federal do Cariri, os movimentos estudantis têm ganhado visibilidade. Vez ou outra, os estudantes se reúnem em espaço de discussão e debate sobre os seus anseios na busca de encontrar soluções para as demandas que surgem. Muito além de fomentar o debate, esses espaços têm contribuído para a formação pessoal e profissional das pessoas que integram esses coletivos.
O intuito dessa organização política é pautar as demandas desses estudantes, levando suas reivindicações para o ambiente onde ele existe e provocar algum tipo de mudança. “Ao se perceberem enquanto potência produtiva e trabalhista, os estudantes viram a necessidade imediata de expressarem suas demandas na experimentação do sistema educacional, daí emergiram centros acadêmicos e organizações políticas fundamentadas para a juventude e o movimento estudantil”, afirma o estudante de Jornalismo, Cauê Henrique.
Cada instituição de ensino tem especificidades e demandas. O movimento é bastante segmentado e cada coletivo tem sua característica própria. Quando se fala de educação, há sempre uma demanda e reivindicação. “Atualmente, está organizada principalmente entre coletivos e centros acadêmicos, contando com reuniões periódicas das entidades de base com propostas e projetos comuns, além dos planejamentos internos feitos por cada Centro”, explica Cauê.
A estudante Karyne Lane, que hoje estuda na Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, mas durante dois anos cursou Jornalismo na UFCA, fez parte desses movimentos. Na área da Comunicação, ela integrou o coletivo Enecos Cariri, uma diretória regional da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social, e diz ter crescido bastante deste que ingressou nessa luta. “Ele é necessário porque nele, e a partir dele, nós nos organizamos para discutir assuntos que normalmente nós não discutimos em sala de aula. Esse foi um dos motivos pelo qual eu me encantei pela Enecos e pelo qual eu participo. Tudo que eu discuti em espaços da executiva nacional, eu não vi em sala de aula, e isso tudo incrementou minha formação de uma maneira fortíssima, sensível, para uma pessoa que vai lidar com outras pessoas, com o social”, disse.
Durante o seu período no Cariri, ela participou ainda do CA do curso de Jornalismo, o Centro Acadêmico Xico Sá, o que também fez parte da sua atuação enquanto militante nos movimentos estudantis. O papel do CA é mobilizar as pessoas no ambiente local no sentido de executar atividades que estejam em sinergia com as bandeiras da ENECOS.
Para além das bandeiras, o papel do Centro Acadêmico é representar os estudantes em instancias deliberativas, como conselhos, colegiados e outros espaços da instituição. “É importante que seja discutido tudo que permeia a nossa realidade. É trazer uma pluralidade de discussões”.
Karyne falou ainda do desejo que tem de mais pessoas conhecerem o Movimento Estudantil, e a sua importância dentro do ambiente da Universidade. “Mais do que permitir que estudantes sejam representadas por outras pessoas, é preferível que eles se sintam à vontade de abrir a boca e falar, reivindicar, se expressar e juntos traçar soluções para os problemas que existem”.
Muito do movimento estudantil gira em torno da palavra “coletivo”, do sentimento de “estar junto”. A universidade é feita pelas subjetividades e pelas equidades dos estudantes. Reunir, debater e compartilhar a vontade de fazer a diferença ameniza esse fardo carregado ao longo da graduação. “Somos pessoas e existimos. Temos casa, família, valores, ideias, objetivos, vontades, e em meio a tudo isso existe um curso”, diz Karyne.