Por Saulo Mendes e Yasmin Gonçalves
No país do futebol, é contraditório o quão pouco se investe em esporte, e o quão pouco se debate sobre o tema. Nesse sentido, a Universidade Federal do Cariri (UFCA), por meio da a Coordenadoria de Esporte e Cultura do Movimento, tem atualizado o entendimento sobre a atividade esportiva na formação dos estudantes. A coordenadoria, vinculada à Pró-Reitoria de Cultura (Procult), tem como função pensar e desenvolver as políticas relacionadas ao esporte, ao corpo e as culturas do movimento.
O conceito de cultura do movimento vem da educação física. Abrange todas as manifestações relacionadas à forma de como as pessoas se expressam por meio do movimento do corpo. Lívia Silveira, responsável pela coordenadoria, exemplifica a definição: “quando a gente fala no Brasil de futebol, ele é uma manifestação cultural relacionada ao esporte, então é uma manifestação da cultura do movimento do povo brasileiro, explica.
Atualmente, existem três categorias de bolsa ligadas ao esporte na UFCA: Bolsa Atleta, Monitoria Esportiva e Projeto de fomento à prática Esportiva. A primeira voltada para estudantes/atletas de esportes individuais e coletivos, com a atribuição de competir e representar a Universidade. Guilherme Sousa, estudante de Engenharia de Materiais e bolsista, integra a equipe de futsal da UFCA e comenta como a bolsa estimula os atletas universitários. “É um incentivo para o atleta. Então eu vou competir tanto representando a Universidade como fora da Universidade. Pela Universidade eu já joguei dois campeonatos realmente oficiais com o time da Universidade sendo levado pela Procult, os dois em Iguatu, um a gente saiu em segundo e o outro em terceiro, e um de Futebol Society também representando a Universidade aqui no Juazeiro, na Faculdade de Medicina de Juazeiro”.
A bolsa de Monitoria seleciona estudantes para trabalhar com foco em dois pontos: formação e treinamento de equipes e seleções em modalidades de quadra (futsal, vôlei, basquete e handebol) e fomento à prática dessas modalidades nos campi. O bolsista e também estudante de Engenharia de materiais, Anderson Teixeira, conta que além de divulgar a UFCA, ele também ajuda no treinamento da equipe de voleibol da instituição. “Eu realizo o marketing da bolsa, divulgo e chamo as pessoas tanto nas redes sociais quanto na própria Universidade, faço essa divulgação. Eu tenho cuidado de, na parte prática da bolsa, ajudar as pessoas a desenvolver o voleibol, a desenvolver as técnicas e tal. Eu também trabalho treinando um time que representa a Universidade e a gente participa de campeonatos fora, inclusive fomos um ano passado lá em Iguatu e, esse ano, a gente vai agora, em novembro”, explica o bolsista.
A bolsa de Projeto, de fomento à prática esportiva, funciona na mesma lógica que as já tradicionais bolsas de projetos da comunidade acadêmica, onde o discente propõe o projeto e ele escolhe o formato e desenvolve as ações, um incentivo ao protagonismo dos estudantes.
A quantidade de bolsas no âmbito esportivo ainda é muito pequena se comparada ao número de discentes da instituição, porém, aos poucos o setor anda recebendo investimentos e ampliando a participação dos alunos.
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Outro ponto ainda negativo são as estruturas de esporte que a Universidade dispõe. Dentre os campi apenas Juazeiro e Crato possuem quadra poliesportiva, e essas não foram construídas de maneira a abrigar as principais modalidades que utilizam este espaço. Lívia explica que foi uma decisão que parte desde a criação da UFCA, quando ainda não havia estruturação do setor na Procult, e que as quadras não têm dimensões para práticas esportivas dos estudantes da UFCA. “ Elas têm a dimensão de 27 de comprimento e 15 de largura, esse padrão é um padrão para a prática de atividades esportivas para crianças, público diverso daquele atendido na UFCA. Segundo a regra oficial do futsal, por exemplo, as medidas deveriam ser de, no mínimo, 36 m por 18 m. . Então a regra das modalidades por causa da dimensão da quadra, pro basquete e pro vôlei tudo bem a gente consegue executar por que são esportes que exigem uma dimensão menor, mas o futsal e o handebol são problemáticos nesse sentido”, explica a gestora. Ela comenta que ainda não há previsão para reforma nas quadras devido aos cortes orçamentários na educação pública. “Não se pensa até o momento nessa possibilidade até porque um dinheiro público que foi investido muito recentemente por sinal, apesar de ter essa limitação não faria sentido a gente botar abaixo, fazer alguma adaptação. Até por questão de restrição orçamentária. Talvez para o futuro, conseguindo desenvolver uma política de forma exitosa a gente consiga argumentar algum tipo de adaptação ou até construção de novas estruturas”, reitera.
Os futuros projetos não envolvem apenas questões de estrutura. A ideia do setor é que a prática esportiva e de atividades físicas esteja cada vez mais presente na formação dos estudantes, para isso existe a necessidade de aquisição de material, para fomentar as práticas livres de lazer e entretenimento, fora o investimento nos atletas universitários. A coordenadoria de esporte e cultura de movimento busca fomentar por meio de seminários e estudos ligados ao corpo e esporte, como também a cultura do movimento, a reflexão acadêmica sobre o tema.
E, se você ficou interessado e deseja participar das atividades de esporte na UFCA, procure os monitores esportivos por meio da Procult. Anderson explica que “como eu sou, de certa forma, responsável pelo voleibol na Universidade eu, as vezes, visito o campus de Barbalha, o da agronomia, aqui mesmo e aí eu vejo algumas pessoas só jogando, treinando, brincando aqui mesmo no Juazeiro e aí eu faço um trabalho, digamos assim, de olheiro. Pelo tempo que eu tenho de voleibol, mais ou menos 15 anos que jogo, então eu tenho uma certa experiência e consigo ver mais ou menos quem tem condições de participar do time. Pra você ser atleta mesmo, brincar, participar dos projetos é só chegar e participar, mas pra participar do time, treinar e participar de competições, primeiro eu faço avaliação e depois treinamentos com a equipe”. E, para conseguir entrar na bolsa atleta ‘os critérios são títulos de até 5 anos atrás. Então você tem que trazer suas medalhas, de até 5 anos, pra comprovar que você ganhou os campeonatos, no caso, primeiro, segundo e terceiro lugar. O nível do campeonato também vai influenciar, no caso vai de nível local, estadual, regional, nacional e internacional”.