Por Marcello Nunes
O Brasil é um dos líderes entre os países que mais fazem cesarianas no mundo, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais da metade dos partos realizados no Brasil é por cesárea, o que está muito acima do que foi determinado pela OMS, que recomenda apenas 15%. Na grande maioria dos casos, a operação é feita sem justificativa. Entretanto, esse tipo de parto é indicado unicamente quando o parto normal indica risco à vida do bebê ou da mãe.
O maior argumento para o grande número de cesarianas no Brasil é porque a mulher não quer sentir a dor do parto. A técnica usada no parto provoca dores desnecessárias na gestante já que deitada ela precisa fazer mais força para que o bebê saia, enquanto o recomendado é que ela fique agachada ou em pé para que a gravidade ajude. Além disso, há a injeção de hormônio para aumentar as contrações e a dilatação forçada do canal vaginal. Esse cenário está presente no Brasil há mais de 30 anos desde que as parteiras e enfermeiras obstetras foram substituídas por médicos, e faz com que a cesárea pareça uma salvação para a mulher.
A cirurgia é, de fato, um procedimento muito mais rápido e prático, mas é caro, aumenta os riscos de hemorragia e as chances de problemas respiratórios no recém-nascido, sendo que cada semana a mais de gestação aumenta as chances de a criança nascer saudável. Problemas a longo prazo também foram vistos nas crianças que nasceram de uma cesárea, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e obesidade.
A estratégia do Ministério da Saúde é criar um programa que desvencilhe a responsabilidade do parto das mãos do médico e passe para as da enfermeira obstetra e de uma equipe especializada, diminuindo a dependência que a mulher sente em relação ao médico. Ainda serão oferecidas técnicas para aliviar as dores do parto vaginal, como o uso de bolas e banheiras. Esses modelos pouco convencionais podem causar estranhamento de primeira, mas tendo em vista que a prioridade é a segurança e o conforto da mãe e do bebê, é esperado que a mudança leve a um uso exclusivamente necessário da cesariana e que esta não seja mais usada como uma alternativa ao parto natural.
O gráfico abaixo, com o número de partos normais e por cesarianas realizados em 2017, expõe a quantidade superior de cesáreas feitas no Brasil.
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