Por Júlia Marques
Assaltos são cada vez mais frequentes no cruzamento entre as ruas Tenente Raimundo Rocha e Av. Maria Leticia Pereira, nas proximidades do campus Juazeiro do Norte da Universidade Federal do Cariri (UFCA). Os episódios ocorrem à noite, em horários de pouco trânsito, e já fizeram muitas vítimas, como é o caso do estudante do 6° semestre de Administração Pública, Caio Ricardo da Silva.
Caio foi assaltado no dia 19 de agosto de 2019, enquanto deixava o campus para ir a uma reunião com seu professor orientador, fora da universidade. Segundo ele, os criminosos o abordaram anunciando o crime por volta das 20h30, supostamente armados e levaram sua moto, carteira, celular e até mesmo a jaqueta que usava. O estudante chamou a polícia com ajuda de amigos e registrou o boletim ocorrência na esperança de reaver moto e documentos, mas não teve sucesso até o momento.
Junior Sampaio, estudante do 4° semestre Administração sofreu uma abordagem parecida no mesmo local poucos dias depois, mas ao ver à distância os assaltantes saindo do mato e se posicionando na pista, avançou sobre o canteiro na estrada e conseguiu fugir. O jovem demonstrou preocupação com outros estudantes, uma vez que os assaltos continuam a ocorrer. “Aluno que vem moto, vem de bicicleta… tá totalmente exposto. Inclusive, até os ônibus que saem daqui com estudantes! Quem garante que não vão entrar duas pessoas armadas e levar as coisas de todo mundo?”, declarou ele.
Devido a fuga que impossibilitou a ação dos assaltantes Júnior, ao contrário de Caio, não prestou boletim de ocorrência. Ambos os estudantes relataram casos de amigos e colegas de classe que sofreram o mesmo tipo de investida ao longo do ano e questionaram a posição da universidade diante situação. “Obviamente isso não é obrigação da universidade, se preocupar com as ruas né? Mas ela poderia pelo menos dialogar com o poder público para tomar alguma providência”, argumentou Caio.
Ofícios para a PM
Marcelo Bezerra, professor da universidade e diretor da Diretoria de Logística e Apoio Operacional (DLA), relatou que a universidade já tomou inúmeras medidas para resolver ou amenizar o problema em diversas ocasiões, por meio de ofícios enviados à Polícia Militar do Ceará, e de ações de limpeza e iluminação adotadas ao entorno do campus. “No início do ano nós fizemos uma força tarefa, pegamos um trator do curso de Agronomia e limpamos o terreno próximo, nos arredores ali da universidade. Nós aumentamos o quantitativos de segurança de dentro do campus. Melhoramos e muito a iluminação, ampliamos em quase três vezes o número de refletores e postes. Mas o assaltos têm acontecido em torno de 300 metros do campus.”, relatou Marcelo.
Segundo ele, os ofícios e os representando da UFCA sempre foram bem recebido pelos agentes de segurança, mas apesar disso, não houve aumento no policiamento e pouca coisa mudou. Os assaltos continuam acontecendo no mesmo local e, de acordo com a descrição das vítimas, praticados pelas mesmas pessoas.
Clique para ampliar os ofícios enviado à Polícia Militar |
Vítimas não fazem B.O.
O inspetor da polícia civil e vereador Glêdson Bezerra esclarece que a maior dificuldade no policiamento ostensivo e preventivo da área até agora foram os poucos boletins de ocorrência registrados. As ocorrências são necessárias para a geração de dados que motivem estudos convertidos em estáticas, classificando a região como “crítica e de alta incidência de violência”, possibilitando assim a ação policial. O inspetor declarou que durante o ano só registrou um boletim de ocorrência.
Glêdson informou ainda que foi procurado pela reitoria da UFCA para encontrar meios de combater e prevenir os assaltos, podendo assim garantir a segurança pública na área. Segundo ele, o reitor Ricardo Ness entregou um ofício em sua presença ao delegado regional de polícia civil, Dr. Juliano Marcula, relatando o ocorrido. “Eu irei abordar essa questão na câmara dos vereadores para deixar registrado e cobrar que essas autoridades, cada um na sua esfera de competência, possa desenvolver um trabalho tanto preventivo, como o de tentar investigar as ações criminosas e corriqueiras porque a gente acredita que está partindo de um mesmo grupo”, declarou ele.
Esse documento já é o terceiro ofício emitido pela universidade em menos de um ano e o segundo no mês de agosto.
Ano passado casos similares ocorreram no campus Crato da UFCA, onde nove estudantes foram assaltados enquanto percorriam o trajeto em direção à universidade. Na ocasião as autoridades também reforçaram a importância de realizar um boletim de ocorrência.