Por Laryssa Ferraz | Foto Matheus Fersanto
No dia 6 de setembro, a Diretoria de Infraestrutura (DINFRA) da Universidade Federal do Cariri (UFCA) promoveu o primeiro diálogo sobre a ocupação do prédio onde funcionaria a residência universitária do campus Juazeiro do Norte. A reunião aconteceu no auditório Bárbara de Alencar e contou com a presença de representantes dos cursos da universidade que solicitaram vagas no novo espaço da universidade.
O prédio foi entregue em setembro de 2017 e estava previsto para ocupação em janeiro deste ano. No entanto, na impossibilidade financeira de manter tanto o auxílio moradia como a residência universitária, no ano passado a Pró- Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) convocou os alunos que recebem o benefício para ouvir suas dúvidas e anseios. Por meio de votação eles decidiram não ocupar o espaço como moradia.
Dentre os motivos alegados, o principal seria a falta de estrutura e assistência no campus e em suas redondezas. Considerando que a construção é destinada apenas para demandas estudantis, prevaleceu a sugestão do aluno do curso de Jornalismo Paulo Júnior, de usar a residência para necessidades de grupos como Programa de Educação Tutorial (PETs), Centro Acadêmico (CAs), grupos de pesquisa, ensino, extensão, cultura e Empresas Juniores.
Para receber esses grupos, são necessárias algumas adaptações no espaço. Contudo, a demanda por vagas aumentou. As reformas que começaram no final de agosto foram interrompidas. De acordo com a DINFRA, é preciso decidir como será feita a divisão dos espaços o mais rápido possível, antes do fim do contrato da reforma que está previsto para novembro.
Entre as propostas debatidas na reunião estão: dividir os espaços igualmente para todos que solicitaram vagas, junto com a construção de salas de reuniões com capacidade para atender a todos os grupos, ou dividir as salas por centros acadêmicos, o que daria aos seus integrantes liberdade de decisão acerca do seu uso.
A voz dos estudantes
O debate entre os alunos foi acalorado. Muitos defendem a divisão igualitária dos espaços, enquanto outros buscam um espaço maior para suas empresas, alegando o impacto que elas possuem dentro da universidade. Andressa Diniz, integrante da empresa junior Projetta, do curso de Engenharia Civil, afirma o quanto o espaço é importante no rendimento profissional. “Para uma empresa já consolidada, um projeto já consolidado, ter um espaço maior para poder trabalhar nele vai ter um impacto real dentro daquela organização. Uma coisa que a gente pensa muito é no tratamento com o nosso cliente, como ele enxerga a gente. E infraestrutura é uma coisa essencial”, explica a estudante. O colega de empresa, José Igor, afirma que uma sala maior pode gerar resultados melhores. “Provavelmente a gente possa trabalhar mais em equipe, que é fundamental”.
Por outro lado, alguns alunos acham justo que os espaços sejam divididos igualmente, como é o caso da estudante do curso de Jornalismo Beatriz Morais: “Uma sala por projeto, programa, independente do tamanho ou do que fosse”. Uma opinião semelhante é compartilhada pela estudante Rhana Erika, do curso de Administração Pública. “Nós vivemos em sociedade, nós vivemos numa unidade e acho que os espaços tem que ser divididos igualmente, através de votação porque a gente vive em uma democracia ainda, né?”
A decisão de fato acontecerá em uma próxima reunião que está prevista para acontecer ainda esse mês, mas o diretor da DINFRA, o professor André Freitas, assegura que, independente do resultado, todos sairão ganhando. “Eu acho que de todas as universidades do Brasil, nenhuma vai ter um espaço de apoio ao estudante dessa forma. Isso vai dar uma visibilidade de apoio aos projetos, que têm como crescer de uma forma absurda. Os alunos têm que enxergar isso com muita responsabilidade”, explica o professor.