Por Stephani Linard
Como uma forma de trazer memórias de um bairro que é exemplo em protagonismo da comunidade, o Laboratório de Estudos Urbanos, Sustentabilidade e Políticas Públicas (LAURBS – UFCA), lançou a cartilha intitulada “Alto da Penha – Historicidades”, um fruto do Projeto “Território Cultural: Um resgate da memória territorial de áreas urbanas periféricas”.
A cartilha foi lançada no dia 22 de janeiro de forma digital nas redes sociais do LAURBS (@laurbs.ufca). O objetivo que existe por trás de trazer narrativas tão encantadoras se dá por querer mostrar o lado inspirador deste bairro que sofre muita estigmatização de ser perigoso.
Flávia Hellen, participante do LAURBS, moradora do Alto da Penha e atuante no processo de construção da Cartilha, conta: “Sempre achei injusto a ideia do Alto da Penha ser reconhecido somente pelo lado ruim, enquanto a gente tem coisas boas que não são reconhecidas, que merecem destaque e não são vistas. O objetivo principal da Cartilha é a coleta dessas boas informações, a publicização delas e a partir dessa publicização tentar diminuir este índice de estigmatização no bairro.”
O bairro Alto da Penha era conhecido antigamente como um bairro muito perigoso, onde existiam altos índices de pobreza e marginalidade. E essa informação se disseminou de forma tão grandiosa por outras localidades que o Alto da Penha ganhou essa fama de ser um local perigoso. Só que muita coisa mudou, e mudou não por parte de intervenção do poder público, mas sim, da própria comunidade. Ao longo da leitura da Cartilha podemos conhecer personagens do bairro e as formas como as pessoas se organizaram para melhorar a comunidade.
E por incrível que pareça, a ideia da Cartilha também partiu de dentro da comunidade, como conta a responsável pela diagramação da Cartilha, Ricássia Almeida: “Foi muito interessante porque foi justamente uma proposição deles, o resgate da memória veio de dentro para fora, não foi alguém da universidade que foi lá e coletou informações dos moradores e trouxe isso para a academia, mas ao contrário, alguém que surgiu da comunidade e teve acesso a academia trouxe esse resgate da memória da comunidade. E isso é incrível! Você vê que é outro modo de fazer extensão, pois a extensão universitária ainda apresenta muitos gargalos nesse “ir à comunidade”, e quando a extensão vem da comunidade, é uma troca muito mútua, sabe?! É uma troca muito recíproca. E eu acho que a academia só tem a ganhar quando essas coisas acontecem, então, também gostaria de parabenizar meu colegas do Projeto Território Cultural.”
A Cartilha pode ser encontrada para baixar no site do Laurbs, é muito simples, com um clique você já tem ela em PDF, clique aqui.
Apesar de possuir o formato digital, o projeto de Cultura e a Associação Moradores do Bairro Alto da Penha (AMBAP), ficaram responsáveis de replicar essa Cartilha no bairro, para que toda a comunidade tenha acesso a esse conteúdo.
Um pouco da produção da Cartilha
Na verdade, no plano inicial da Cartilha outras coisas estavam planejadas, “era previsto que a gente fizesse feiras de memórias, onde as pessoas trariam suas histórias, relativas ao bairro, sejam antigas ou atuais, mas que fossem informações importantes e elas trocariam sua memória por um brinde. Só que em virtude do isolamento social, a gente não pode, então contatamos as pessoas via rede social, facebook, whatsApp… foi assim que eu consegui as informações.” – Conta Flávia Helen.
A Cartilha veio como uma solução, onde essas informações poderiam ser acessadas de forma fácil, e ainda preservando a saúde de todos durante a produção.
E a produção da Cartilha ainda afirmou que as produções não vão parar por aí. Ao final do isolamento social, o projeto pretende dar continuidade a Cartilha, fazendo o seu objetivo inicial das feiras de memória!