A partir de 2022, uma nova proposta de ensino médio vai entrar em vigor, promovendo grandes mudanças.
Por Amanda Nobre, Eliézio Ferreira, Joana Edbéria e Patrícia Soares
Aprovado com a Lei 13.415/2017,de 16/02/2017, o novo Ensino Médio vai estar disponível em todas as escolas brasileiras, tanto na rede pública quanto privada, a partir do ano que vem. As cearenses Maria Clara,14 anos, e Laíza Maria,13 anos, estão no último ano do ensino fundamental dois e irão estrear as novas matrizes educacionais em 2022. Elas pretendem ingressar em escolas públicas de ensino médio e têm expectativas diferentes sobre essa nova fase da vida escolar.
Maria Clara sente que não está totalmente convencida, principalmente por falta de informações:
“- Até o momento tenho receio sobre o novo ensino médio por ele não ter a aprovação de muitos dos meus professores, e por ele não ter sido tão discutido com os alunos. Estou com bastante medo de que seja difícil se adaptar e que tenhamos ainda mais baixos níveis de aprendizado. Confesso que tenho medo de que o novo ensino foque apenas de maneira básica nas matérias não obrigatórias e deixe de fora partes importantes que seriam contempladas no antigo sistema.”
Já Laíza Maria enxerga o modelo de forma positiva e com grande entusiasmo:
“- Acho que este novo formato tem muito a acrescentar na minha formação e dos outros alunos, tendo em vista que desde cedo nós já podemos seguir nosso objetivo de forma mais precisa e no futuro desempenhar um bom trabalho. Pesquisei muito pra entender como funcionará, e claro, já começar a me preparar.”
As mudanças educacionais criarão uma nova dinâmica nas escolas. Haverá um aumento na carga horária dos alunos, que passará de 800 horas aulas anuais para 1000, liberdade na escolha do currículo educacional, onde o aluno pode optar por uma área de interesse, como Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens, Matemática e também a possibilidade de escolher uma formação profissional e tecnológica.
A escolha de áreas é com certeza um dos pontos mais polêmicos. Laíza Maria se sente completamente “preparada pra escolher uma área” e anseia “todos os dias por isso”. Já Maria Clara ressalta que “é bom que os alunos possam escolher quais áreas querem se aprofundar, mas ainda é uma decisão bem complexa para ser feita logo no primeiro ano, quando a maioria dos alunos está bastante nervosa com o início do ensino médio e provavelmente não tem tanta certeza sobre qual área se aprofundar.”
Desde o dia 14 de julho de 2021, o Ministério da Educação passou a vincular, tanto em seus canais oficiais nas redes sociais, quanto nos meios de comunicação, uma campanha promocional sobre o novo ensino médio, onde apresenta rapidamente as novas metodologias que pretende adotar. Até 2024, o governo pretende fazer uma implementação completa desse novo tipo de ensino.
Pandemia : um desafio para o novo Ensino Médio?
O novo ensino médio pode atenuar as desigualdades entre o ensino público e o privado. Levando em consideração o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em resultados de 2019, só na cidade de Juazeiro do Norte, as escola particulares aprecem dominando o top 10 de médias gerais:
Essas diferenças tendem a piorar, haja vista a pandemia de COVID-19, em que a educação já passa por dificuldades, graças ao Ensino Remoto e suas dificuldades. Uma pesquisa, realizada em 2020 por estudantes da disciplina de Comunicação e Educação, do curso de Jornalismo, da Universidade Federal do Cariri (UFCA), com professores e estudantes da EEEP Antônia Nedina Onofre de Paiva, em Assaré, sobre o ensino remoto na pandemia, revelou que 3% dos não retornaram a escola na volta as aulas presenciais , o que equivale a 79 alunos, conforme o gráfico abaixo:
Essa infelizmente não e uma realidade pontual. A evasão escolar atinge muitos estudantes de ensino médio da rede pública, e mesmo em uma escola padrão MEC, com boa infraestrutura e tempo integral, os estudantes se sentem desmotivados. Este será um desafio para o novo ensino médio, uma vez que provavelmente em 2022 o ensino não voltara ainda a ser como antes.