• Curso de Letras Libras da Universidade Federal do Cariri

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13 de setembro de 2018 por 

Por Dalila da Silva

O Curso de Letras Libras da Universidade Federal do Cariri (UFCA) tem previsão de abertura, segundo o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), para o primeiro semestre de 2019. “Será um curso de excelência aqui na região, diferencial, o primeiro curso no interior do estado e a gente tem certeza que vai ser um sucesso”, comenta Mardônio Oliveira, coordenador e professor surdo do curso.

A criação do curso foi motivada pelo interesse da população surda do Cariri. “Desde 2014 estamos trabalhando na criação desse curso. Em 2016, eu cheguei aqui na região e na universidade, junto com o professor João [Filho] e outras pessoas. Nós trabalhamos para a criação desse curso e o PPC [Projeto Pedagógico de Curso] foi aprovado para atender a uma demanda da sociedade caririense e, certamente, ela vai ficar muito feliz”, completa o professor surdo.

Baseado no decreto n° 5.626/2005, estudantes surdos terão prioridade no acesso ao curso. Sobrando vagas, estas serão destinadas aos ouvintes. A matriz curricular do curso de licenciatura em libras tem disciplinas com a língua de sinais para que os alunos possam se aprofundar nas práticas. Também está previsto o estágio nas escolas para que haja contato com alunos surdos do infantil, fundamental e médio, além de expressões não manuais e faciais. As turmas de surdos e ouvintes são separadas nos primeiros semestres, porque muitos ouvintes não têm fluência em libras, mas, na parte final do curso, assistirão às aulas de forma conjunta.

A proposta do curso é trazer a inclusão comunicacional entre diferentes culturas. O coordenador Mardônio Oliveira diz que muitas pessoas já perguntaram se o curso estimulará o interesse pelo aprendizado da Libras. Ele defende que a graduação vai ajudar a desenvolver a prática da língua, além de auxiliar o ingresso dos surdos no mercado de trabalho, visto que as escolas não têm profissionais fluentes.

Os alunos surdos têm interesse em cursar outras graduações na UFCA, além do curso de Letras Libras. Os quatro alunos surdos que ingressaram na universidade no primeiro semestre de 2018 cursam Biblioteconomia e Administração. Mardônio acredita que maioria vai optar pela graduação em Letras Libras, porque terá atividades visuais, a comunicação nas disciplinas será em libras e promoverá um ambiente em que se sentem mais familiarizados. “Se as outras graduações oferecessem essa facilitação através da libras, certamente iria aumentar a demanda nesses outros cursos por ser algo que força o pensamento dos surdos, busca traduções, materiais em português e faz a adaptação do português para a libras”, afirma Mardônio.

As maiores queixas dos alunos surdos na universidade são relacionadas à falta de atenção e dificuldade de comunicação. Essas barreiras linguísticas vão gerando certa angústia nos alunos e faz com que acabem tendo interesse pelo Letras Libras. O coordenador conta que alguns desses alunos revelaram que estão apenas esperando abertura do curso para solicitar a transferência.

Para Mardônio, a maior dificuldade não apenas no curso de Letras Libras, mas, no dia a dia, são os problemas de comunicação entre surdos e ouvintes, em que os não deficientes precisam aprender a sinalizar. Se tivessem o contato diário com os surdos, acabaria ocorrendo a fluência de maneira mais rápida. “Para o surdo aprender a oralizar é muito complicado, porque não é algo natural para ele, mas, a comunicação através da língua de sinais ocorre de maneira mais fácil entre ambas as partes. Então, o principal fator é a comunicação. O português para o surdo é a sua segunda língua. Outra dificuldade é que a maioria dos surdos é filho de pais ouvintes que não sabem colocar seus filhos em uma escola apropriada, o que faz com que tenham a aquisição da língua tardiamente. Aqui na região não dispomos de uma escola bilíngue, eu tive acesso ao português apenas aos 13 anos, assim como vários outros surdos”, menciona o coordenador do curso.

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Ilustrações extraídas da apostila de Libras, produzida pelos professores João Filho e Mardônio Oliveira

CURIOSIDADES

Setembro Azul

Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas identificavam as pessoas com deficiência com uma faixa azul no braço, por considerá-las inferiores. Os surdos também eram obrigados a usá-la. Com o fim da guerra e o passar dos anos, a cor passou a simbolizar ao mesmo tempo a opressão enfrentada pelos surdos e o orgulho da identidade surda.

Essa ressignificação do azul ficou marcada na Cerimônia da Fita Azul (Blue Ribbon Ceremony) em 1999, que lembrava os surdos que foram vítimas da opressão. Nela, o Dr. Patty Ladd (surdo) usou uma fita azul no braço pela primeira vez como símbolo do movimento.

Datas Comemorativas

 

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