Por Laryssa Ferraz
A indústria curtidora brasileira é uma grande movimentadora da nossa economia. De acordo com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), atualmente o setor do couro emprega mais de 50 milhões de trabalhadores. Os números de exportação também são altos, acumulando 119 milhões só em março deste ano, tornando o Brasil um dos maiores produtores e exportadores de couro do mundo.
No gráfico abaixo feito por dados retirados do site do IBGE, é possível ver a quantidade de couro produzido no último trimestre de 2018, destacando os estados de maior fabricação do produto e classificando o Centro- Oeste como a região de maior produção.
Quantidade de couro produzido em outubro, novembro e dezembro de 2018.
Com números tão altos de produção, a quantidade de prejuízos ao meio ambiente não tinha como ser diferente. A atividade é muito poluidora. Além do excessivo uso de água, o processo utiliza produtos químicos cruéis à natureza e que nem sempre são descartados de maneira correta.
Contudo, já existe uma preocupação com o bem estar do meio ambiente por parte dessa cadeia produtiva. A CICB criou a Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro, que visa mostrar para o consumidor a realidade sobre o processo de produção sustentável que vem tomando conta dessa indústria. Entre os critérios para a certificação estão monitorar o consumo de água, adotando medidas de racionalização, e armazenar os resíduos de maneira apropriada em suas instalações. Mas não é só a indústria curtidora que está se empenhando para se adequar aos parâmetros sustentáveis.
Já existem, aqui no Brasil, várias pesquisas voltados para encontrar maneiras de tornar a fabricação do couro menos agressiva. Na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos – SP) , o estudante de pós- graduação Carlos Eduardo Mendes Braz vem estudando uma forma de diminuir o impacto ambiental do curtimento e também como reaproveitar os resíduos dessa atividade.
Iniciado em 2015, o trabalho tem previsão para ser concluído em 2019. Nele Carlos Eduardo vem comparando a qualidade do couro curtido com cromo com o couro curtido com tanino misto. A primeira substância é um metal tóxico, enquanto a segunda apresenta um viés mais sustentável já que é um produto extraído de plantas. Durante a pesquisa, as características dos dois couros se mostraram similares.
A Embrapa também tem focado em formas de diminuir o uso de água no curtimento. Em seu laboratório é possível separar os efluentes usados no processo, eliminar os resíduos poluentes e reutilizar a água em um novo curtimento. Outra possibilidade é o uso de água de estação de tratamento de esgoto no lugar da água industrial ou do aquífero. Ambas alternativas mostraram uma redução de mais ou menos 30% no consumo de água, diminuindo não só o impacto ambiental como também econômico.