Por Isabel Félix, Lara Rosado, Manoel Cunha e Marília Medeiros
A pandemia de Covid-19 causou uma recessão econômica aliada com uma grande alta da taxa de desemprego, batendo recordes desde o início de 2021. Por esse motivo, muitas pessoas começaram a desenvolver novas fontes de renda, com um obstáculo inicial: sem sair de casa.
Entre essas pessoas, existiu uma alta de jovens ingressando no mercado de trabalho com sua própria empresa. Muitos já desenvolviam alguns projetos informais e precisaram se adaptar para continuar. Além de uma forma de sobreviver, o empreendedorismo é para muitos um sonho e pode servir como porta de entrada para o mercado de trabalho, assim como servir de experiência prévia para trabalhar em outras empresas.
Alice Duarte(20) confeiteira desde o ano de 2018 na Região do Cariri Cearense, conquistou seu espaço físico dentro do período pandêmico e com Lara Rosado, se encontrou na profissão de estrategista digital assistindo cursos onlines.
Você pode conhecer mais sobre o trabalho delas em @aliceduartedoceria e @lararosado.
Coragem para começar
Em meio as dificuldades já impostas pelo período pandêmico, começar uma empresa do zero, com ambiente presencial parece inviável. Entretanto, para Lucas Pereira (21) e Mateus Duarte (25) a dificuldade foi o estímulo que necessário para começar. Além de cunhados e amigos, hoje eles são sócios e empreendem na Calango’s Burger em Juazeiro do Norte.
É em um quiosque de uma praça da cidade que os dois desenvolvem este projeto desde abril de 2021, inicialmente apenas com sistema de delivery e na sequência com atendimento presencial. Para entender melhor os motivos que os levaram a começar é só dar o play!
Eu acho que as pessoas tem criado uma dependência do jovem no negócio.
Mateus Duarte
Você também pode saber mais detalhes do estabelecimento através do perfil deles no Instagram @calangosburger.
Redes Sociais: o novo mercado
As redes sociais já dominavam o dia a dia dos brasileiros há um bom tempo. Com a pandemia da Covid-19 e a obrigatoriedade de manter-se em casa, os olhos voltaram-se, ainda mais, para o mundo virtual. Um estudo feito pela Mobilis aponta crescimento histórico de 172% da demanda de pedidos feitos através de aplicativos de entrega durante a pandemia e indica que muitos desses hábitos vieram para ficar de vez.
O setor alimentício já se reinventava com aplicativos de delivery e quem optou pelos moldes tradicionais ficou em desvantagem neste período de mais de um ano e meio.
Quem é antenado nas redes sociais e reside na região do Cariri, muito provavelmente já se deparou com alguma publicação “deliciosa” feita no @comidascariri, perfil gastronômico no Instagram. Lidiane Almeida, gerenciadora do perfil, nos conta um pouco como tudo começou e como é trabalhar no ambiente virtual.
“Como eu sempre gostei de tirar foto de tudo, sempre que eu ia em algum estabelecimento eu tirava foto da comida que eu estava comendo. Então, meu primeiro post no Comidas Cariri foi de fotos que eu já tinha, peguei as fotos, editei, criei o post e fiz um textinho. Era bem opinião mesmo.”
O perfil foi criado pelo irmão de Lidiane, Arthur, com o intuito de indicar os restaurantes que eles já frequentavam no Cariri. No início, as postagens eram feitas esporadicamente e como Lidiane se identificava muito com a escrita e fotografia, resolveu administrar o administrar o perfil sozinha.
Com seus 28 anos, é formada em jornalismo e estudante de direito, mas atualmente dedica-se a produção de conteúdo no Instagram. Ela é uma banda de um homem só, diariamente faz postagens divulgando produtos de empresas do ramo alimentício, dando sua opinião pessoal e informações especificas do consumo, ilustradas com fotos e vídeos de dar água na boca.
“No início eu não cobrava. Confesso que não lembro como tudo isso mudou, mas provavelmente eu sentia vergonha de cobrar pelo meu trabalho. Quando eu comuniquei aos meus clientes mais frequentes, senti que uns relutaram e outros me entenderam. Hoje eu trabalho com o meu celular e estou me adaptando as novas ferramentas do Instagram para levar mais formatos às minhas divulgações. É preciso se recriar todos os dias e tem dias que eu não acordo bem e tá tudo bem, eu estou tentando mostrar isso aos meus seguidores.”
Por mais delicioso que seja, esse mercado ainda é precário, pois a rotina de home office pode se tornar muito mais cansativa e dispersa. Além disso a desvalorização dos serviços prestados é recorrente. Com o crescimento do delivery devido ao isolamento social, a demanda de clientes aumentou também, entretanto, o reconhecimento e a valorização não seguem na mesma proporção. Lidiane nos conta como funciona seu dia-a-dia:
“Muitas vezes as pessoas mandam mensagem às 6 horas da manhã e querem que você responda. Eu trabalho de domingo a domingo e estou tentando me dar folga porque estava me deixando muito cansada mentalmente e fisicamente. Não tem esse glamour! Muitas vezes eu preciso correr atrás das pessoas para elas me pagarem quando elas deviam fazer isso automaticamente… Não é um trabalho fácil e nem respeitado, quem trabalha com a internet entende. “
Nos primeiros meses o público do Comidas Cariri era limitado aos amigos, mas foi a partir de uma matéria explorando a ideia deles que tudo mudou. Hoje Lidiane conta com mais de 10 mil seguidores, publica vídeos e fotos diariamente e, sem dúvidas, ajuda muitos empreendedores da região caririense.