Por: Anderson dos Santos Macedo
Bruno Hallisson Justino de Aquino
Emilly Melo Souza
Geraldo Alefy Oliveira da Silva
Patrick Pinheiro Alves
Artistas do cariri são contemplados com o auxílio governamental e conseguem manter sua arte viva durante a pandemia. Em contrapartida, outros artistas que não conseguiram e tiveram que se adaptar à nova realidade com muitas dificuldades
A pressão para um auxílio que amenize os impactos da pandemia no setor da cultura foi essencial para que alguns artistas conseguissem manter seu negócio no segundo ano de pandemia. Pensando nisso, a Lei Aldir Blanc surgiu com o objetivo de auxiliar trabalhadores da cultura e espaços culturais no período da pandemia de Covid-19, esta lei é fruto de um projeto vindo do congresso, de autoria da deputada federal Benedita da Silva, do PT do Rio de Janeiro.
No Ceará, a lei alcançou 158 municípios e teve um investimento de 67 milhões que contemplaram mais de 2600 artistas e grupos culturais brasileiros. Segundo a Coordenadoria de Artes e Cidadania Cultural do Ceará (CODAC), foi destinado mais de 400 milhões de reais nos editais das cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha.
Em Crato, segundo o site oficial da Prefeitura Municipal, o suporte foi mais de 900.000 mil reais para contemplar mais de 40 artistas, que receberam o auxílio em três parcelas de 600,00 reais. No edital foram oferecidas várias chances a categorias da cultura como apoio a festivais culturais, artes cênicas, circo, dança, artesanato, gastronomia, moda e design, artes visuais, fotografia e audiovisual, literatura e música.
“O auxílio conseguiu amparar muitos artistas de diferentes áreas da cultura e arte caririense, a lei Aldir Blanc foi essencial financeiramente juntamente com outros auxílios, como o auxílio financeiro aos profissionais do setor de eventos que foi um suporte muito importante nesse período de distanciamento social.” Informa a artista de rua e produtora cultural Raíssala Bezerra, de 22 anos.
Também, Raíssala comenta sobre a mudança na forma de trabalho, o aprendizado que obteve ao se apresentar pelas telas, e sobre as dificuldades psicológicas enfrentadas por um artista por ter de ficar fora dos palcos.
O auxílio entretanto não contemplou a todos e muitos artistas tiveram que se reinventar para não mudar de profissão e continuar trabalhando com cultura na pandemia. Klenio Robson, de 22 anos, não conseguiu ser contemplado com o auxílio da lei Aldir Blanc e conta que sua fonte de renda na pandemia foi um auxílio dado pela própria universidade, com um valor menor a uma bolsa acadêmica.
Klenio também fala que uma das coisas que fez para continuar na música sem um auxílio e a renda adquirida nos shows, foi começar a fazer lives com outros artistas independentes, como forma de divulgar seu trabalho e o de outros artistas da região. ‘’A forma que eu vi para divulgar meu trabalho foi fazer lives, coisa que eu não tinha costume e covers. As lives tanto traziam um público para mim como para o outro artista’’, diz Klenio.
Em uma entrevista feita pelo repórter Bruno Justino, o músico, multiartista e articulador cultural da Secretaria de Cultura do Crato, João Ulisses Filho, popularmente conhecido como João do Crato, de 66 anos, foi um dos contemplados e conta que a lei Aldir Blanc foi importantíssima para que os artistas continuassem produzindo, cuidando dos seus espaços e se apresentando mesmo de forma virtual, ele conta também como foi à adaptação com formato digital.
‘’Quem vem de uma estrada de apresentações presenciais, em palcos alternativos, nas grandes festas populares daqui da nossa região, é muito difícil se adequar a essa realidade de se apresentar em um local sozinho sem um público.’’
João do Crato ressalta que muitos artistas foram afetados pela pandemia e conseguiram o auxílio do município, explicando que muitas áreas da cultura estavam no edital, com chance de aprovação. Além disso, destaca sobre sua volta e a sua adaptação como artista ao novo normal em entrevista. E comenta sobre o medo que ainda tem de sair às ruas mesmo depois de tomar as duas doses da vacina contra a covid-19.
‘’Ainda não consigo sair na cidade tranquilo, apenas saio para a secretaria e volto para a minha casa. Então tá sendo uma retomada muito difícil, principalmente porque isso mexe muito com o seu emocional e eu sou uma pessoa muito afetiva, gosto de abraçar as pessoas, gosto de tá junto.”
Em julho deste ano, foi debatido um novo projeto de lei que promove mais ajuda ao tão prejudicado setor de cultura no país. A lei Paulo Gustavo que tem o objetivo de amenizar os danos econômicos enfrentados pela pandemia, se aprovado, projeto prevê um investimento de mais de quatro bilhões, com quase três bilhões para o audiovisual e mais de um bilhão para as demais áreas do setor cultural.