Movimento aconteceu na Praça da Prefeitura e contou com a participação de entidades sindicais e movimentos estudantis
Por: Auany Vitória, Camila Lavine e Lara Menezes
Na manhã da sexta-feira, 22, alunos das escolas estaduais da região metropolitana de Juazeiro do Norte e o Sindicato dos Servidores Públicos reuniram-se em frente à antiga Praça da Prefeitura para reivindicar a falta de transporte público escolar. Os estudantes participaram da Assembleia Geral, junto a servidores da educação, que decidiu os caminhos finais da greve dos servidores. O movimento contou com a colaboração dos grêmios da Crede-19, professores da rede municipal, membros do Sindicato e cidadãos a favor do movimento paredista.
A luta para o retorno do transporte escolar iniciou-se após os motoristas contratados pela prefeitura municipal terem paralisados seus serviços duas vezes durante os meses de fevereiro e março. A categoria reivindicava reajuste salarial, pagamento de horas extras e mudança na jornada de trabalho. A paralisação afetou os alunos da rede estadual e municipal, e teve uma resposta incisiva da gestão juazeirense, que posteriormente anunciaria por meio da secretaria municipal o desligamento desses motoristas, causando a suspensão da circulação do transporte municipal escolar. A falta desses motoristas, mais o corte de convênio da gestão com o Governo do Estado, que garantia esse transporte, inviabilizou a ida de vários alunos da rede estadual, que sem o auxílio do transporte público não tinham como comparecer às aulas.
A aluna e presidenta do grêmio Cônego Climério da EEMTI Maria Amélia, Clara Albino, comentou sobre como os estudantes foram amplamente afetados por esses cortes. Segundo a aluna, “os estudantes foram gravemente afetados, têm estudante indo a pé, tem estudante gastando 20, 30 reais por dia em uber para ter acesso a escola que é um direito básico… os estudantes foram afetados em questão financeira e em questão de ter seus direitos privados”.
Já o aluno Lucas, também do Maria Amélia, discorreu a respeito da importância dos movimentos estudantis na participação dessas manifestações. “O grêmio é um órgão político, quando se fala de política não se fala da política partidária, mas sim de ações em pró da comunidade, então como grêmio é muito bom a gente se politizar e ter consciência de classe de que precisamos apoiar os servidores, porque é uma relação de troca, eles ensinam a gente e a gente aprende e repassa para as futuras gerações”.
A Assembleia foi motivada pela decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), que suspendeu a greve dos Servidores Públicos de Juazeiro do Norte, vigente desde o dia 08 de março. O TJCE determinou o retorno dos servidores sob pena de multa diária no valor de R$5 mil. A categoria deflagrou greve em defesa do reajuste salarial dos servidores municipais, além de outras pautas que foram levadas para a gestão atual.
Ítalo Luiz Batista de Freitas, membro do sindicato, relatou sua alegria e gratidão ao ver tantas pessoas apoiando o movimento. “Para a gente é muito reconfortante contar com o apoio da população, o apoio externo aos servidores municipais. A gente recebeu mensagens de apoio de várias categorias no país todo, além dos estudantes. A própria comunidade escolar, já que essa greve também envolve profissionais da educação, procurou o sindicato, a gente recebeu notas de pais e mães de alunos apoiando a nossa greve”.
Porém, por mais que tenha acontecido uma boa movimentação e sensibilização, ele informa que infelizmente não sensibilizou o suficiente o gestor municipal. “Hoje a gente está suspendendo a greve, o que significa que a gente não conseguiu sensibilizar como a gente esperava, a gestão municipal, mas a gente conseguiu fazer um diálogo importante com a população de Juazeiro”, revela Ítalo.
Vale salientar que, mesmo que o objetivo principal da Assembleia não fosse a falta de transporte escolar, a participação ativa dos movimentos estudantis chamou atenção dos presentes. Professores da rede municipal comentaram o quão felizes ficaram ao ver jovens tão ativos politicamente.
No momento da publicação dessa matéria, o transporte da rede municipal escolar voltou a circular, embora o retorno do transporte estadual ainda não tenha acontecido de maneira integral. A crede-19 tem contado com apoio das credes vizinhas e conversado com o Governo do Estado do Ceará para a tentar solucionar essa questão.