• Animais no ambiente universitário: abandono e empatia

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4 de setembro de 2018 por 

Por Romênia Gomes e Gabriela Gonçalves

O campus Juazeiro do Norte da Universidade Federal do Cariri (UFCA) tem moradores inusitados. Além dos estudantes, professores e servidores do local, é fácil encontrar também a presença de cachorros pelo espaço. Ninguém sabe muito bem quando eles começaram a aparecer na universidade, mas já são cerca de 20 cães. Os próprios alunos da UFCA se encarregam dar nomes aos animais: Seu Madruga, Firefox, Transparente, Pipoca, Farofa, entre outros.

Eles ficam pelo campus, dormindo no meio do pátio e, às vezes, até dentro da sala de aula. Mas uma questão envolve a vivência dos bichos no campus: o cuidado. Apesar da resistência de alguns, e da empatia de outros, os cachorros ficam à mercê da gentileza de quem se solidariza com a situação.

É o caso da Fernanda Bastos, estudante de Administração. Ela atua em dois projetos que possuem o mesmo nome: UFCão. Um dos projetos é vinculado à Pró-Reitoria de Extensão da UFCA e tem o objetivo de levar o debate sobre abandono de animais para escolas públicas. Já o outro projeto, não possui vínculo institucional, e cuida dos cachorros que vivem no campus da universidade de forma voluntária e colaborativa. Para executar essas ações, ela conta com o apoio de outros três estudantes.

http://picasion.com/
http://picasion.com/

Fernanda conta que a dificuldade maior é a conscientização das pessoas, falta compreensão para entender que o projeto é voluntário e precisa da colaboração de todos para acontecer. Ela relata que já precisou recorrer à ouvidoria devido a provocações que servidores faziam contra os cachorros, deixando-os estressados.

Para a alimentação dos cachorros, Fernanda conseguiu o apoio da  empresa terceirizada que fornece a comida do Restaurante Universitário (RU). Armazenada após o almoço em um balde, a comida é uma mistura das sobras dos pratos dos alunos. São destinados aos cachorros cerca de 15 quilos de alimento. Uma questão bastante importante é a presença dos animais no espaço do RU. É importante que os estudantes se conscientizem em manter a porta do restaurante fechada e colaborem avisando aos servidores sempre que notar a presença de algum cachorro no espaço.

 

Doações

Para cuidar da saúde dos cachorros, ficam disponíveis duas caixinhas para doação: uma no ponto de vendas de fichas do RU e outra no balcão da cantina.  Também é realizado um bazar uma vez por mês. O valor arrecadado é utilizado na castração e na compra de ração para todos os cachorros. Apenas duas fêmeas ainda não são castradas. Segundo Fernanda, os filhotes que já nasceram no campus foram levados para feiras de adoção organizadas por ONGs em Juazeiro do Norte. Fernanda lembra que uma ação que deu um bom retorno foi uma espécie de “prestação de contas” que colocou junto das caixinhas: ao final os voluntários deixam uma mensagem de agradecimento para aqueles que colaboraram.

A opinião da comunidade acadêmica é diversa. “A gente precisaria de uma coletividade para zelar pela convivência com os animais, discutir e implementar coletivamente determinados cuidados tanto de proteção para quem circula como para eles”, disse o professor de jornalismo Ricardo Salmito. “ Sempre teve cachorro, já foi menos, eram uns dez, mas eu acho que eles não incomodam, até porque não são violentos e ajudam os vigilantes”, conta Demontier Siqueira, terceirizado que trabalha na portaria.

 

 

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